terça-feira, 29 de maio de 2012

Dança do Ventre x Inovação


A tempos venho filosofando comigo mesma pensando nos rumos que a Dança do Ventre tomou e vem tomando não só no Brasil, mas em todo o mundo.

Dança do Ventre X Inovação, atualmente passa por dois caminhos perigosos:
1- A descaracterização da dança;
2- A falta de personalidade e a escolha por se tornar uma cópia de uma famosa. 

Infelizmente o ato de se tornar uma cópia perfeita de bailarinas famosas impera, cópia das top do mundo todo. Juro que não consigo compreender porque alguém escolhe se tornar uma cópia ao invés de se tornar uma bailarina.

Além de cópia de estilo de dançar existem também as cópias de coreografias. 

Particularmente acho cópia coreográfica um vexame completo, além de ser totalmente antiético e antiprofissional.

Fico impressionada, como pode uma bailarina que faz anos de dança, que se forma em cursos de bailarina ou de professora ter a coragem de fazer apresentações solo e de grupo com cópias de coreografias. 

Cadê a criatividade minha gente? Se inspirar...tudo bem... agora copiar uma coreografia, ou várias sequencias, tipo 80% ... É muito triste!

Usar a mesma música e até figurino igual "pelamor de Jesuisss" né... dói!


Já perdi as contas de quantas vezes vi com meus próprios olhinhos coreografias plágio recebendo premiação de 1º lugar em concursos no estado onde moro, que é o RS. Não sei ó que é pior: A cara de pau de quem leva uma cópia de coreografia para um evento e concurso, ou a falta de ética e conhecimento de quem julgou. Aí você me pergunta: Mas e se a jurada não conhece a coreo copiada? Gente,  quem no mundo bellydance já não sabe de cor e salteado o DVD da Jillina - BDSS em Paris? Pois é, é a bíblia da DV, todo mundo conhece. 

Então, eu já vi várias daquelas coreos em festivais de escolas e até concursos em meu estado.

E o estilo argentino? Segundo mais copiado no Brasil, depois em 3º vem o egípcio.

Para piorar a situação, de outro lado vemos coreografias inovadoras até demais, tipo descaracterizando total e geral a DV... pooo... não dá pra chegar no meio termo hein? afff... Até “Belly Can Can “ tem...  Sorry! Não curto!

Agora a moda é pena, pluma, figurino carnavalesco, burlesco, mini saia, méga fendas, tecidos que dão a impressão que se está pelada, véus com lâmpadas, e por aí vai...

E assim o preconceito de que DV é só uma "dancinha erótica e exótica" vai se perpetuando né ... também vão querer o que? 

Bailarinas que apresentam uma dança clássica e que interpretam os grandes clássicos da música árabe são a minoria! As que se atrevem muitas vezes são friamente criticadas, chamadas de "sem graça" pelas atuais bellydancers estudantes e até por outras profissionais.

Tá... tudo bem, usar um acessório que dê uma impressão visual legal em palco é válido sim, quem sabe algum dia eu use também o véu wings de lâmpada... kkk... 

Mas, o problema é a falta de qualidade na dança ... só acessório chique e figurino caro não fazem milagre né. 

O problema é que a inovação atual está em desequilíbrio e a falta de criatividade esta criando as cópias.

No meio do turbilhão de tudo isso ainda existem bailarinas e professoras que não perderam sua lucidez e nem bom senso, continuam criando, sim, criando coreografias, conceitos para espetáculos, criando figurinos interessantes sem serem vulgares, criando novas técnicas de didática e ensino da dança, tudo com qualidade e inovação equilibrada, mas sem banalizar a arte da Dança do Ventre já tão sofrida.

Fico muito feliz por me achar entre estas que seguem o tradicional, faço questão de ser autentica, mesmo que me considerem antiquada ou fora de moda, sem graça, ou qualquer outro adjetivo maléfico. 

Ultimamente tenho queimado minha cabeça, pensando em novas formas de ensino da dança, estou investindo minhas energias no compartilhamento das bases da DV, a cada curso e plano de aula que crio eu aperfeiçoo a mim mesma, como bailarina e como professora.

Minha formação em dança se iniciou pelo balé clássico e contemporâneo, então minha dança sempre teve esta influência em minha postura, mas nunca descaracterizei a Dança Oriental, não me incluo nas atuais “Belly Baléticas”.

Reconheço e me orgulho do diferencial em minha dança que é a postura, a leveza, a feminilidade, a fluidez, a interpretação e o encantamento que provoco enquanto danço. Eu reconheço o meu valor, valorizo meus pontos positivos e permaneço humilde em minhas limitações. Considero que o estudo de uma bailarina deve ser eterno.

Não executo movimentos circenses e nem acrobáticos, eu uso movimentos básicos, trabalho leitura musical, expressão facial e corporal em equilíbrio.

Ultimamente tenho estudado novas formas de uso dos braços, novos movimentos para deslocamento, novas sequencias, técnicas de quadril, sempre respeitando esta dança milenar, vender minha alma, sem perder minha essência. 

Esta viagem pessoal tem me rendido ótimos frutos, muitas experiências e vivências gratificantes, me sinto plena e tranquila ao dançar. Não danço para impressionar ninguém. Eu dança para emocionar.


A evolução pessoal em todas as áreas do conhecimento é com certeza o maior objetivo de todos os seres, como chegamos lá é o X da questão!




E você, em que parte da jornada você se encontra?













Janahina Borges

Bailarina, Coreógrafa, Professora
Campeã Brasileira e Sulamericana de Danças Árabes
Criadora do Projeto RITMOS ÁRABES
Membro do Conselho Internacional da Dança - CID member nº 21134





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2 comentários:

  1. Muito bom seu artigo!! Eu faço de tudo tb para estar no time das professoras que evoluem a arte da dança sem distorcê-la!! Concordo com tudo o que disse, e digo mais, o conceito da minha escola é baseado na DV tradicional com espaço para a criatividade sem descaracterizá-la. Qdo alguma aluna me pede (muito raro) estas "esquisitices", eu simplesmente respondo, EU NÃO ENSINO E NÃO FAÇO, e explico o porque, acredito este ser um bom caminho, não fico tentando me adequar ao mercado, e sim quem quer "comprar" o meu produto vai ter que levar do jeito que é, sem adaptações para vender melhor, mas a qualidade é garantida, rsssss!! bjsss, parabés e sucesso

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    1. Muito obrigado Cristina, seu depoimento é muito importante para mim. Seguimos unidas ao propósito de elevar nossa arte. Espero um dia poder conhece-la pessoalmente! :)

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